A Ladeira da Conceição da Praia foi uma das principais rotas de conexão entre a Cidade Alta e a Cidade Baixa de Salvador entre os séculos XVII e XIX. Por ali circulavam diariamente trabalhadores e pessoas escravizadas que tinham que levar as mercadorias que chegavam pelo Porto até a parte alta da cidade.
Foi no ano de 1878, com a construção da Ladeira Barão Homem de Melo – popularmente conhecida como Ladeira da Montanha – que a Ladeira da Conceição da Praia tomou a forma como é conhecida até hoje, quando sobre ela foram erguidos os 23 arcos que davam sustentação à Ladeira da Montanha.
Originalmente abertos, esses arcos foram aos poucos sendo ocupados pela população local (libertos, filhos de escravizados e trabalhadores do porto, em sua grande maioria negros), que instalaram em 15 desses arcos pequenas oficinas de ferreiros, carpinteiros, marmoreiros, dentre outras, que funcionam até os dias atuais. Essas oficinas – juntamente com os ofícios que as acompanham – foram passadas de pai para filho, de mestres para aprendizes, ao longo de gerações. Nascia, assim, a tradição dos Artífices da Ladeira da Conceição da Praia.
Mais de um século depois, em 1985, a Unesco declara o centro histórico de Salvador (incluindo a Ladeira da Conceição da Praia) como Patrimônio Cultural da Humanidade.
Nos muitos processos de reforma e revitalização do Centro Histórico, os artífices da Ladeira da Conceição da Praia sofreram algumas tentativas de expulsão do território que eles tradicionalmente ocupam. A última iniciou-se no ano de 2014, quando receberam uma ordem de despejo dando-lhes 72 horas para desocupar os arcos.
A partir daí, seguiu-se um intenso processo de luta contra a especulação imobiliária e pelo direito à cidade. Com o lema “Reforma sim, expulsão não!”, os artífices da Ladeira se organizaram e passaram a reivindicar a permanência naquele território e a importância de seus saberes e fazeres para a história do povo negro de Salvador. Aos poucos, estudantes, ativistas e movimentos sociais se aliaram à mobilização, que passou a organizar passeatas (como o desfile do 2 de Julho) e manifestações.
Foram realizadas diversas negociações e tratativas entre os Artífices, o Iphan, o Ministério Público e a Prefeitura de Salvador. Todo esse processo de mobilização e luta foi reconhecido quando, em novembro de 2020, a prefeitura entregou os arcos reformados aos trabalhadores da Ladeira da Conceição da Praia. Assim, legitimou-se a importância da presença dos mestres artífices na Ladeira.
O projeto Alágbedé, o ferreiro dos orixás busca se inserir como aliado nessa luta histórica, ao chamar a atenção para o reconhecimento e a preservação da memória de um dos ofícios mais tradicionais da Ladeira, os ferreiros de santo. A história de Zé Diabo se confunde com a história da Ladeira da Conceição da Praia e, junto a ela, com a história das técnicas e ofícios do povo negro de Salvador. Busca-se contar essa história dando o devido reconhecimento e o protagonismo àqueles que há séculos resistem nessa Ladeira.
A Ladeira da Conceição da Praia foi uma das principais rotas de conexão entre a Cidade Alta e a Cidade Baixa de Salvador entre os séculos XVII e XIX. Por ali circulavam diariamente trabalhadores e pessoas escravizadas que tinham que levar as mercadorias que chegavam pelo Porto até a parte alta da cidade.
Foi no ano de 1878, com a construção da Ladeira Barão Homem de Melo – popularmente conhecida como Ladeira da Montanha – que a Ladeira da Conceição da Praia tomou a forma como é conhecida até hoje, quando sobre ela foram erguidos os 23 arcos que davam sustentação à Ladeira da Montanha.
Originalmente abertos, esses arcos foram aos poucos sendo ocupados pela população local (libertos, filhos de escravizados e trabalhadores do porto, em sua grande maioria negros), que instalaram em 15 desses arcos pequenas oficinas de ferreiros, carpinteiros, marmoreiros, dentre outras, que funcionam até os dias atuais. Essas oficinas – juntamente com os ofícios que as acompanham – foram passadas de pai para filho, de mestres para aprendizes, ao longo de gerações. Nascia, assim, a tradição dos Artífices da Ladeira da Conceição da Praia.
Mais de um século depois, em 1985, a Unesco declara o centro histórico de Salvador (incluindo a Ladeira da Conceição da Praia) como Patrimônio Cultural da Humanidade.
Nos muitos processos de reforma e revitalização do Centro Histórico, os artífices da Ladeira da Conceição da Praia sofreram algumas tentativas de expulsão do território que eles tradicionalmente ocupam. A última iniciou-se no ano de 2014, quando receberam uma ordem de despejo dando-lhes 72 horas para desocupar os arcos.
A partir daí, seguiu-se um intenso processo de luta contra a especulação imobiliária e pelo direito à cidade. Com o lema “Reforma sim, expulsão não!”, os artífices da Ladeira se organizaram e passaram a reivindicar a permanência naquele território e a importância de seus saberes e fazeres para a história do povo negro de Salvador. Aos poucos, estudantes, ativistas e movimentos sociais se aliaram à mobilização, que passou a organizar passeatas (como o desfile do 2 de Julho) e manifestações.
Foram realizadas diversas negociações e tratativas entre os Artífices, o Iphan, o Ministério Público e a Prefeitura de Salvador. Todo esse processo de mobilização e luta foi reconhecido quando, em novembro de 2020, a prefeitura entregou os arcos reformados aos trabalhadores da Ladeira da Conceição da Praia. Assim, legitimou-se a importância da presença dos mestres artífices na Ladeira.
O projeto Alágbedé, o ferreiro dos orixás busca se inserir como aliado nessa luta histórica, ao chamar a atenção para o reconhecimento e a preservação da memória de um dos ofícios mais tradicionais da Ladeira, os ferreiros de santo. A história de Zé Diabo se confunde com a história da Ladeira da Conceição da Praia e, junto a ela, com a história das técnicas e ofícios do povo negro de Salvador. Busca-se contar essa história dando o devido reconhecimento e o protagonismo àqueles que há séculos resistem nessa Ladeira.